Esse post não foi ilustrado, não tenho tido muito força e energia para tal, e, também, talvez a falta de uma imagem relaciona-se com o que quero escrever.
Resolvi escrever pelo sentimento de cegueira que tenho sentido.
Ontem, andando na rua com a minha namorada, que apontava para cachorros e dizia que era fofos e que eu deveria ver, ou então bebês, que sempre nos arrancam sorrisos, pensei em como estou cega para tais coisas.
Eu também costumava ver cachorros na rua e sorrir, dizer como são fofos e até interagir com eles. Não o faço mais.
Costuma ver crianças e bebês, sorrir e comentar como eram fofos e alegres, também não o faço mais.
Costuma derreter-me com meus gatos, achar tudo muito fofo, brincar e viver grudada neles, também já não é a mesma coisa.
Passei a refletir sobre isso, em como tais belezas da vida não têm me afetado, não tem me comovido. Para falar a verdade, já não sei mais o que ainda me comove, e isso me entristece.
Sinto-me vendada por algo não totalmente opaco, algo que ainda tem uma certa transparência, mas que não me permite ver o mundo da forma que eu via antes.
Sinto-me, também, preocupada. Preocupada com a minha sensibilidade, a qual temo estar perdendo, aos poucos, deixando ela escoar pelas minhas mãos, as quais precisam dela, precisam da minha sensibilidade para continuar desenhando e, agora, escrevendo.
Quero acreditar que essa venda vai sair, que eu vou voltar a ver o mundo com as cores brilhantes e suas sensações, e que tudo isso vai voltar a me comover de uma forma que me inspire e que eu seja capaz de sentir tais sensações, de que me toque e que faça com que eu continue me movendo.